O papel? Qual papel?

Aqui vai o relato da minha primeira aventura com a burocracia na américa!

Para entrar na américa é preciso uma data de papeis, incluindo um papel da universidade (DS-2019). Ora bem, eu quando fui à embaixada, levei o meu DS-2019 comigo MAS eles ficaram com ele lá. Quando estava a passar a guarda fronteiriça aqui nos estados unidos (depois de sair do avião) pediram-me esse mesmo papel. Fiquei surpreso porque não fazia a mínima ideia que era preciso tê-lo comigo. Lá lhes expliquei a situação, disse que tinham ficado com ele na embaxaida e tal.

O homem olhou para mim com um desprezo inocultável nos olhos e só disse: “vá para aquela sala”. E eu lá fui, para a sala dos horrores, onde os imigrantes ilegais sofrem. Estava tudo vazio, era o único lá. Um guarda, com a pistola no coldre, bem à americano lá me chamou e lá viu que eu estava no sistema, por isso, pegou no meu formulário I-94 (um outro papel que é preciso ter para entrar nos estados unidos) escreveu lá que, enquanto não tivesse um novo DS-2019, só podia cá estar um mês. Até aqui não houve problema, e estava tudo a correr bem. Mas depois o homem disse: “agora temos de lhe fazer umas perguntas de segurança, sente-se e espere”.

“mau…. algo de errado se passa” pensei eu. Ao meu lado, estava um rapaz mexicano, um pouco mais novo que eu, a ser brutalmente interrogado por um polícia. A dizer coisas como “é altura de deixares de mentir, aqui nos estados unidos não permitimos mentirosos.” e “já percebemos que estás a mentir, escusas de fingir” (isto, claro está, gritado a plenos pulmões). O pobre do miudo mexicano, que não devia estar a perceber metade do que o homem estava a gritar, continuava a explicar o seu lado da história. Que tinha sido contratado para nadar numa equipa universitária mas que não andava na universidade, coisa que o segurança não estava a acreditar. Eventualmente, foi chamado para uma “sala dentro da sala” onde suponho, terá sido interrogado de uma forma ainda mais veemente.

Entretanto eu sofria, enquanto o “meu” segurança tentava por o computador a funcionar para me fazer as “perguntas”. Depois da saida do puto mexicano ficou um ambiente extremamente pesado na sala e até tive medo de pensar no que me iam perguntar.

Passado para aí 15 minutos de espera, o gajo lá me chamou; estava preparado para o pior.

“então qual é a cor dos seus olhos?”

“wtf?!?” pensei eu e respondi que não sabia.

“quanto mede?”

“em inches e feet não sei mas é 1 metro e 77”

“quanto pesa”

“em kilos 80, em pounds não faço a mínima”

“ok, pode-se ir embora, saia pela porta à esquerda e não se esqueça que, quando tiver o seu novo DS-2019 tem de enviar tudo para o departamento de emigração”

E pronto, o meu medo foi em vão, não fui levado para nenhuma sala e sodomizado à bruta (pobre mexicano). A ùnica coisa que me aconteceu foi terem-me ficado com as duas maçãs que tinha comprado em londres e que não comi pelo caminho. (Por “motivos de segurança”, segundo me disseram, não fossem as maçãs terroristas)

E pronto, passado quase 2 horas de fila e quase 1 hora de espera para ser “interrogado” entrei na américa, onde os meus senhorios estavam a desesperar pela minha chegada (o segurança não me deixou usar o telemóvel enquanto estava à espera) e sai pelas portas do aeroporto, para o inferno de calor que é Dallas.

Fim

….

Ou assim pensava eu, mas a saga do papel não acaba aqui.

Não percam o próximo episódio porque nós também não!

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